quinta-feira, 16 de outubro de 2008

OÁSIS URBANOS


TRADIÇÂO E MODERNIDADE LADO A LADO NO CORAÇÃO DO HIPERCENTRO
Filosofia e magia revelam o quanto Belo Horizonte pode surpreender

Belo Horizonte cresceu muito além dos limites imaginados por seus criadores, uma capital tomada por contrates sociais e culturais. Antes humildes casas no tempo de Curral Del Rei, hoje grandiosas construções cortam os céus da capital das gerais. É neste clima de tradição e modernidade que sobrevive bem no coração do Centro, uma charmosa vila de moradores, onde é possível respirar ares de tradição, cultura e lazer. A atmosfera é aconchegante, o ambiente preserva o clima amigo e familiar típicos das antigas vilas mineiras, os personagens resistem ao tempo, à história resiste ao tempo, tempo que não passa dentro da Vila Werneck. Localizada na rua Guajajaras, 619, a vila foi construída em conjunto pelas famílias Souza Lima e Werneck em 1943. Quando se entra na Vila nos deparamos com doze pequenas casas e um bonito jardim, duas ruas cortam a vila, e bem no meio do caminho e possível parar e relaxar em sua pracinha, colocar a prosa em dia ou ate mesmo só para ver o tempo passar, uma Verdadeira ilha de relaxamento em meio ao corre-corre da grade Belo Horizonte. Pelo gramado estão espalhados bichinhos, personagens infantis e duendes de cerâmica pintada. As pessoas se conhecem pelos nomes e se identificam ainda melhor pelos hábitos do dia – a – dia e não pense que se pode escapar disso, um simples movimento, gesto, postura e até mesmo a intensidade da voz no bom dia entre os moradores, pode falar muita coisa, todo comportamento em uma situação de interacção tem valor de mensagem, ou seja, é impossível não comunicar dentro da vila. Dona Maria Dumon moradora desde 1950, e atual sindica conta que a pequena vila, guarda antigos costumes de sua época de fundação, como reuniões de moradores, comemorações de aniversário, e uma grande festa Junina aberta ao publico da capital.

Nasce uma moderna Metrópole

As vilas representam uma forma de viver muito característica de alguns grandes bairros da cidade nos anos 30, 40 e 50, tempo em que Belo Horizonte começava a conhecer realmente o que era modernidade, com a criação do parque Industrial em 1941. O Centro se tornou, então, uma área valorizada, principalmente para a construção de edifícios, e passou a sofrer especulações imobiliárias. Outro marco na arquitetura da capital seria inaugurado no fim na década de 50, na Afonso Pena, o famoso Acaiaca, dominou por muitos anos como o edifício mais alto e mais moderno da capital.
Em meio a transformações, algumas vilas de moradores sobreviveram, mais acabaram caindo no esquecimento, caso da Vila “Ivone” no bairro Santa Tereza e da Vila “Inhá” na região leste que vão perdendo espaço para as grandes construções. A pequena Werneck é tombada pelo patrimônio histórico municipal e por isso não pode sofrer modificações em sua estrutura original o que é uma vantagem para dona Maria “a vila sempre sofreu muito com as especulações imobiliárias, grandes empresários de Belo Horizonte já formalizaram propostas, todas sem sucesso.”

Restaurante Fonte de Minas na casa nove da vila

Fundado em 1980, o restaurante Fonte de Minas funciona na casa numero nove da Vila Werneck, ambiente bucólico e calmo, com mais de 21 pratos quentes e 14 frios, feitos a moda *Macrobiótica de cozinhar. Segundo o proprietário Hélio Maciel a idéia de abrir o restaurante surgiu do antigo proprietário, Romualdo Francisco Damasco, que encontrou na vila um lugar ideal para construir a primeira casa especializada em refeições macrobióticas de Belo Horizonte. “A Vila Werneck, tem um ambiente familiar e tranqüilo, e por estar no coração da capital, tem uma localização estratégica.” disse.
Boa parte do público mais jovem que renova a lista de clientes vem de famílias que já freqüentavam a casa há anos. Priscilla Garcia faz questão de almoçar no restaurante sempre que possível. “Quando venho para o centro de Belo Horizonte só almoço por aqui, meus pais já freqüentam o Fonte há vários anos”. A sugestão de refeição é a combinação de três pratos seguindo a equilíbrio Yinlyang, uma surpreendente mistura de pasta de abóbora, raiz de barbatana e agrião.
Quinzenalmente, há feijoada integral. O restaurante é aberto ao publico durante todos os dias da semana. Vale à pena Conferir!

*Macrobiótica: Preparo de comida inspirada em vegetais, legumes e cereais integrais. Macrobiótica significa vida longa.

MAIS INFORMAÇÕES
Estacionamento: Não
Lotação: 40
Horário: 12h às 18h
Especialidades: Saladas, Sopas, Arroz temperado, Legumes e verduras variadas.
Formas de pagamento: Dinheiro e Cartões de Crédito
Necessidade de reserva: Aconselhável
Preço Médio: 15.00
Recomendado para grupos: Sim
Tipo de Restaurante: Especializado em comida Macrobiótica
Endereço: Rua Guajajaras, 619, Casa 09 – Vila Werneck – Centro
Fone: (31) 3524-9630

Estabelecimentos comerciais invadem a Vila

As doze casas da Vila Werneck são dividas em moradias e para a grande surpresa em estabelecimentos comerciais como: escritórios, clinicas de psicologia e psicanálise, restaurante e ainda uma loja de telefonia. Todos os responsáveis pelas casas, cinco, um, nove e onze, respectivamente, foram procurados e apenas o proprietário da casa 09 Hélio Maciel, onde funciona o restaurante, falou de onde surgiu a idéia de montar um estabelecimento comercial dentro da Werneck “Quando comprei minha casa na vila o antigo proprietário do restaurante me ofereceu o estabelecimento, vi ali um bom investimento para o futuro e comprei” disse.
A maior surpresa foi à loja de telefonia móvel que funciona na casa 11, o dono não quis dar entrevista, uma das funcionárias apenas disse que ele não podia receber ninguém no momento, situação que se repetiu nas “casas comerciais” 1 e 5. A sindica Maria Dumon vê a situação como normal já que os donos das casas participam da contribuição mensal de R$ 40,00 para manutenção de jardins e pequenas reformas na vila. O Tombamento da Vila Werneck, foi de responsabilidade, da Gerência de Patrimônio Histórico e Urbano de Belo Horizonte, Simone Meireles diretora administrativa do patrimônio Histórico, disse que o comércio dentro da vila é legal “O uso não fica restrito, a prefeitura libera os imóveis tombados para sofrerem modificações internas, a proibição é quanto à descaracterização do imóvel”. Pedro Souza Pinto, Relações Publicas do IEPHA (Instituto Estadual do patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais) disse que Cabe ao poder público zelar pelos patrimônios históricos e promover ações para a preservação do patrimônio ambiental e cultural do estado “é importante que as ações sejam concebidas de forma abrangente e sistêmica, configurando uma política de patrimônio cultural clara”. Agora resta saber, se a pequena vila de moradores irá sobreviver ao comercio local.

Douglas Stofela

2 comentários:

Shirley Pacelli disse...

Hun, deve ter tirado um notão com o Eustáquio.Rs rs rs... Bacana demais a matéria! Parabéns!!!

Anônimo disse...

Adoro a vila e gostaria muito de comprar ou alugar uma casa no local. Se alguem tiver noticias me avise e ficarei muito grata.
31-96527021.
grata
maria alves

Batuques e Prosas Blog de Douglas Stofela

Faltava o batuque, faltava a prosa...Cultura, Cultura, Cultura...
A era da Carpa Koi chegou...